domingo, 11 de março de 2012

Uma curta - A inquirição.

O meu navio sofreu uma pequena avaria, uma pá do hélice partida e por isso fomos para a Lisnave em Setúbal fazer a reparação em doca seca. Até aí tudo normal, as decisões tomaram-se e o trabalho decorria sem interrupção. Até que, á tarde, recebi a comunicação do comandante que eu, ele o comandante e o 2º piloto teríamos que ir á Capitania prestar declarações.
O Comandante como mandam as regras tinha feito um "Protesto de mar" com a descrição da avaria, o que tinha sido feito e as decisões tomadas, também tudo normal e habitual. Só que as nossas autoridades, nesse caso a Capitania decidiu (se o tem que fazer é uma asneira) fazer inquirições sobre o protesto que tínhamos feito, ou seja, nós protestámos e a Capitania queria interrogar-nos sobre o protesto em si.
E lá fomos os três á Capitania tendo eu como Chefe de Máquinas, interrompendo o meu acompanhamento dos trabalhos em curso.
Na capitania fomos interrogados cada um por um inquiridor diferente, eu fui interrogado por uma senhora até bastante simpática mas que duvido da sua capacidade técnica para fazer tal inquirição, fui despachado ao fim de 5 minutos com o resultado de ter confirmado os dados já descritos. Os outros ficaram quase uma hora para.... confirmar os dados já por nós descritos no tal Protesto de Mar. Eu compreenderia esta inquirição se alguém ou algum organismo tivesse posto em causa as nossas declarações mas nada...Tive uma sensação de ser um criminoso ou suspeito de crime grave ao ser "inquirido" desta maneira.
E lá voltei para os meus trabalhos chateado com esta interrupção pois é sempre uma quebra no ritmo.


Publicado no SOL no sábado, 27 de Agosto de 2011

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