sexta-feira, 21 de outubro de 2011

NOTAS SOBRE O JAPÃO II

PARTE 2

Estou neste momento a ver televisão e tenho reparado nos anúncios com elementos femininos. Como se sabe em anúncios põem-se sempre o ideal feminino das gentes locais. Eu posso dizer que aqui os exemplares de ideal de beleza feminina atinge valores bastante elevados, acabei de ver um anúncio com uma jovem esposa em vestido de noiva ocidental que estava linda, sem palavras para descrever, era simplesmente linda, maravilhosa. Esta parte é para contrariar a opinião da ciumenta da minha mulher que me afirmou que a mulher japonesa era feia. Nas novelas as pequenas também são bastante bonitas mas topa-se a panca deles pelas teem-agers com saia plissada. Aliás também acabou de dar outro anúncio em que o jovem garboso acabou de tomar uma pastilha para o hálito fresco e á medida que passava as tais “piquenas” colegiais ficavam malucas e iam atrás dele. Afinal não sou só eu que sou tarado.

Outra prova difícil é receber formação de um japonês. Normalmente aquele que nos dá formação é aquele que é mais versado na língua inglesa e digamos que o ser mais versado não quer dizer que seja fluente. A formação acaba por ser do seguinte modo:
- The aaaaaaa engine aaaa stops, because aaaaaa the valve aaaaaa #$%%&&& (algarviada japonesa) aaaaaa cracked aaaaa….
E nós fazemos um esforço enorme para juntar as palavras todas para tentar perceber a ideia base. É preciso notar que a pronuncia é sempre muito má e com a tendência já referida anteriormente de por vogais no fim das palavras.
Na Taiko aonde tivemos formação sobre o separador de esgoto o formador tinha uma pronúncia americana e era o que de todos os que conhecemos falava melhor inglês. Depois de o termos cumprimentado e felicitado pelo seu inglês ele disse-nos que tinha estudado 7 anos na Califórnia. Ficámos banzados pois o inglês dele para quem tinha estado 7 anos nos USA até que era fraquinho. O homem acabou por se referir ao nosso inglês que era muito bom, nós dissemos-lhe que a língua oficial a bordo era o inglês e que para nós era uma coisa natural, ele estava admirado com uma concentração tão grande de estrangeiros (não ingleses) com tanta fluência.
Mas eles têm uma coisa que os desfavorece que é o stress. Nota-se muito que eles trabalham muito sob pressão, pressão de atingir os objectivo e de não falhar. Lembro-me de na United Diesel (fabricante da máquina principal) um jovem engenheiro começou a explicar a parte dele e começou com um certo desembaraço, a meio atrapalhou-se numa informação começou a gagueja e deixo de se entender, perdeu o inglês todo. No fim o colega mais velho (e superior acho eu) pediu desculpa no meio de um riso típico deles e prometeu que para a próxima o jovem engenheiro iria estudar melhor a lição. O puto estava com ar abatido e nervosíssimo embora a cara estivesse impassível, nota-se nas mãos e no começar a suar. Nós todos muito polidos agradecemos a lição dada e que tínhamos entendido sem problemas (salvar a face). Aposto que depois o gajo deve ter levado uma piçada do caraças. Só que, adivinho eu, as piçadas devem ser dadas de uma de uma forma serena e fria. Eles aqui não despedem ninguém apenas convidam o trabalhador a afastar-se, questões de honra. Quando perguntámos o salário médio de um trabalhador ao tal formador fluente em inglês ele utilizou esta expressão: “Um trabalhador da minha idade ganha cerca de 3500 USD”, é que aqui os níveis salariais estão indexados á idade (dentro do mesmo nível), quanto mais velho mais recebe pois tem mais experiência e se está nesse nível tem as mesmas capacidades que os outros mas distingue-se pela experiência. Fiquei com a impressão que eles começam numa empresa e reformam-se nela, é um emprego para a vida.

A alimentação, já falei sobre ela, sobre as minhas experiências gastronómicas mas há algo mais a dizer. Quando por volta das 18:00 vou ao Jusco (Pingo Doce cá do sítio) comprar sushi ou outra coisa qualquer reparo que a secção de comida pronta está quase toda depenada. O supermercado tem uma zona de comida pronta muito grande que vende desde uma variedade muito grande de sushi assim como fritos e panados, pequenas espetadas e uma data de coisas, tudo acabado de cozinhar. Isso leva uma razia do caraças e ás 18:30 já quase está tudo rapado. É que os japoneses saem do trabalho, compram a sua refeição ou para levar para casa para a família ou então para a comerem no comboio, sim no comboio, quando as viagens são grandes e são comboios em que o passageiro vai sentado eles jantam a bordo e as cadeiras são como a dos aviões, com aquela mesa rebatível. Até se vende uma caixa com a refeição completa, arroz incluído. E também não atiram nada para o chão, no fim apanham tudo e levam com eles para deitar no próximo caixote do lixo. Vão para casa muito cedo e deitam-se cedo, a vida aqui acaba muito cedo.


Nota: Publicado no SOL a 3 de Dezembro de 2006

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Uma gaivota disse: