sábado, 22 de outubro de 2011

Fotografias 3 - Golfinhos 2

Continuando com a saga dos golfinhos vai aqui a última série de fotografias desses simpáticos "meninos".
Eles brincavam ás piruetas como as fotos mostram....

 
Iniciando o salto e , podes-se ver, iniciando a expiração como se pode ver pelo rasto de bolhas que sai pela abertura nasal no alto da cabeça.


O início de uma pirueta, já sai de lado para a cambalhota.... ele são danados para a brincadeira...


Já completamente de costas os brincalhões continuam com os seus jogos...
Como podem ver, não é apenas um que faz a gracinha, é todo o grupo. O que é engraçado é que ao fim de um certo tempo começamos a ver "graças" diferentes entre os indivíduos, têm a sua personalidade e fazem o que lhes agrada mais.


Acabando a brincadeira, dão mais um salto ou outro cruzando a proa do navio e vão-se embora.
Eu fico á espera da próxima vez, esperando pela "fotografia". Aquela que só eu tirei....
Espero que se tenham divertido com os golfinhos...

Publicado no Sol em Tuesday, December 18, 2007 8:12 PM

Fotografias 1

Este post vai ser uma mostra de alguma fotografia que faço:


Á noite, no Tejo, nascia a Lua lá para os lados de Cacilhas, estava bela como só as luas são. Não querendo perder esse momento fixei-o numa imagem que a trago junto ao coração.

 
O frio da manhã gelava o meu coração quando um raio de Sol me despertou para a vida. Sorri ao meu Sol, ele rompia com as neblinas turbulentas que ensombravam o meu espírito. O meu Sol sorriu-me lá de longe, envolveu-me com os seu braços e acarinhou-me aquecendo minha alma.


Tínhamos passado o dia juntos quando o Sol decidiu que já era tempo. Sorriu brilhante e, primeiro brincando, escondeu-se atrás de uma nuvem, depois, mostrando toda a sua luminosidade deitou-se adormeceu.
Fiquei a noite todo de guarda, vigiando o sono do meu amor...
FIM DA PRIMEIRA SÉRIE

Publicado no Sol em Monday, December 17, 2007 12:57 PM

Fotografias 2 - Golfinhos 1

Nas minhas viagens Sines - Lisboa e volta encontro-me muitas vezes com estes simpáticos animais que vêm brincar ás corridas com o navio ou então surfar na onda provocada pelo deslocamento do navio.
É sempre um espectaculo observá-los na água aos saltos e piruetas.


Foto tirada á proa do meu navio quando eles nadavam debaixo de água....


Este consegui apanhá-lo mesmo no momento em que iniciava o salto. Esta é uma das minhas preferidas...


Noutra altura qaundo o grupo acompanhava o navio começaram aos saltos. É nestas alturas em que eu choro o facto de não possuir uma 500 mm da série branca (topo de gama da Canon).


A tristeza de ter cortado a cauda a este bicho. A minha 70-300 mm IS USM ás vezes é grande demais para estas distâncias, o navio é pequeno. Aqui choro a falta de uma 28-135 IS USM, seria mais prática para um melhor enquadramento.
Seguirá depois a parte 2 das fotografias dos golfinhos.
Espero que se divirtam a vê-las....

Publicado no Sol em Monday, December 17, 2007 11:22 PM

Navegando....

Agora estou embarcado num navio que faz cabotagem, ou se calhar nem isso. É um navio com um fim específico, o de abastecer os outros navios.


Passo um mês inteiro fechado nesta pequena caixa de metal, á vista de terra, á vista de tudo e sem poder sair. É que estou só.
Passo a explicar: estou só porque na minha secção / especialidade no navio sou o único o que quer dizer que nunca posso abandonar o meu posto de trabalho. Atenção que não passo o mês inteiro amarrado a uma cadeira, o meu posto de trabalho é todo o navio, todos os equipamentos mecânicos, eléctricos e etc.… mantém-me ocupado. Mas em contrapartida, quando estamos parados em Sines, por exemplo, durante uma noite, eu sou o único que não pode ir beber um copo a terra.
Mas quem é que também quer ir beber um copo a terra? Ir para a noite, ir aos bares, normalmente cheios de tentações ucranianas ou brasileiras, nááááá…. Sou um homem de família…. Que apenas não pode sair do navio.


A minha vida acaba por ser bastante rotineira e simples, está dividida em quatro actividades:


1ª actividade – Trabalhar – cumpro o que tenho a fazer e mais qualquer coisa, já me ocupa bastante tempo. Ás vezes não é a quantidade de trabalho mas quando é que o realizo. Navio atraca á meia-noite, manobra essa em que tenho de estar disponível e esperar que ela acabe para isolar as minhas amigas, as máquinas, em seguida vou-me deitar um pouco, lá por volta da 1 da manhã para ser acordado, muitas vezes, ás 5 para manobrar outra vez. Lança instalação, assiste manobra, isola instalação e ir descansar outra vez pois ao meio-dia deverá haver mais manobras.


2ª actividade – Dormir – vai-se fazendo o que se pode, eu até nem sou apologista de dormir muito. É muito simples, se dormir 8 horas por dia em sessenta anos de vida dormi 20. Porra, vinte anos sem ver nada, sem ter o prazer de gozar a vida, ver umas garinas novas, aprender uns truques mais giros, brinquedos novos, novas técnicas de arreliar a cara-metade, tarefa muito importante nesta vida. Não prefiro dormir menos, umas cinco horitas por dia e já é um luxo. O que me chateia é que começo a fraquejar, ando a dormir um bocado demais e isso aborrece-me. Há muita coisa ainda para ver e aprender.


3ª actividade – Refeições – Uma chatice, um verdadeiro tormento. Eu, há uns anos atrás, jovem inconsciente, pesando um bocado menos de 70 Kg, fumador parecia que vivia do ar, não comia quase nada, passava semanas sem beber água (água pura, bebia outros líquidos) explicava a razão porque comia pouco, era até bastante simples. Quanto mais comia mais cagava… É assim, eu explico. Tenho a mania que sou engenheiro e por isso dizia que a minha máquina (leia-se organismo) era de alto rendimento pois com pouco alimento debitar tanto ou mais “cavalos” que um outro gajo normal qualquer que comesse como só um português sabe comer. Se eu comesse um pouco mais por gulodice, por exemplo, o meu organismo não precisa dessa energia a mais e rejeitava-a em forma de dejectos. Como jovem inconsciente que era ás vezes exagerava quando puxava pela máquina e então ganhei uma ulcerazita duodenal que me acompanhou uma boa parte da vida. Ganhei-a apenas porque fiquei sem comer durante quase três meses, só jantava, pequeno-almoço nem ver, nunca gostei de comer logo de manhã, e o almoço era um café e um bolo. O dia todo era a tentar safar o 7ºano (antigo) o que consegui. Minha madrecita dava-me dinheiro para as refeições mas na altura o objectivo de comprar um equipamento para caça submarina era mais importante. Estou já a fugir á questão. Sim, as refeições são um tormento porque agora a máquina está já cheia de folgas e não está tão afinada, logo precisa de mais alimentos para sobreviver, maneira eufemística de dizer que estou guloso e aqui a bordo existe um desgraçado, um cozinheiro cabo-verdiano que é um autêntico mâitre e que me desgraça o colesterol que já anda elevadíssimo, fruto de uma autentica orgia de ovos estrelados e pacotes de manteiga com sal em cima de pãezinhos minúsculos. Depois de ter sido severamente espancado pela minha médica com a ajuda minha mulher estou a tentar fazer uma dieta, também não gosto de me sentir mais pesado nem doente.


4ª actividade – TL – Os chamados tempos livres. Não faço nada de especial, desenvolvo os sites da minha mulher (www.art-i-batik.com e www.artedemid.com) e mantenho-os com um dinamismo infernal, existe sempre algo novo para pôr e modificar, novas tecnologias que não sei mas que há medida que vou tomando conhecimento da sua existência vou pesquisando e aprendendo. Estou a começar a desenvolver um novo site pessoal de fotografia (Jimmy the Sailor Photography, ainda não está desenhado nem desenvolvido, ainda não tem domínio nem alojamento, mas estejam descansado que quando estiver disponível será notícia de primeira página dos noticiários) mas já me ocupa um certo tempo e recursos. Dedico-me um bocado á programação, aqui está um bocado misturado com a actividade “Trabalho”, o que também me faz gastar uma data de recursos pois obriga-me a um esforço de concentração enorme, eu nunca escrevo os meus projectos, tenho-os todos na cabeça o que faz com que ás vezes pareça um zombie taralhoco. E a fotografia? É claro que a fotografia é outra subsecção da actividade “TL” muito importante para mim. É o tirar fotos a golfinhos aos saltos á volta do navio, é uma perseguição a uma pinha de retenida para a imortalizar numa foto, depois a tarefa de as tratar naquela aplicação que nós todos gostamos de usar …. É verdade, esta versão que tenho do Lightroom até que é legal, tinha-me esquecido :-) , escolher a foto e publicar. Tenho depois de manter um certo laço com as pessoas que comentam as minhas fotos, especialmente uma jovem e talentosa fotógrafa.


Depois de escrever isto tudo já perdi o fio á meada e já não sei qual o fim deste post, qual a mensagem obscura que queria transmitir, olha, continuo embarcado… a ver navios…


PS: Sou mesmo tosco ou este sistema está a meter-se comigo, agora não consigo pôr imagens intercaladas com o texto.... está-me a irritar imensamente...
E quando o edito não apaga as porcarias que fiz, estou irritado...
tive que apagar oposto e escrever de novo, mas agora aprendi a escrever no Word para não perder nada nestas edições m....

Publicado no SOL em Thursday, December 13, 2007 4:42 PM

Ás vezes...

Sinto-me tão só …
Olhando para esta ave, na escuridão da noite, procurando não se sabe o quê, alimento talvez, lutando contra os elementos faz-me sentir uma certa solidariedade.
Solidariedade motivada pela similaridade de vidas, também estou mergulhado numa escuridão procurando alimento para a minha alma e lutando contra os elementos.
De que me queixo? De nada, sofro apenas porque tenho uma cabeça que não pára e que tal como uma gaivota passa o dia a voar, mergulhando muitas vezes nas águas escuras do oceano num turbilhão de espuma. Estou cansado, ás vezes estou tão cansado…




Mas não pode ser, tenho de reagir… tenho muitas tarefas para acabar, tarefas de vida e tarefas da treta mas que dão um certo gozo (a fotografia por exemplo).
E por falar em tarefas, arranjei uma que só eu. Há uns séculos atrás fui programador, em DBaseIII, alguém se lembra disso? E nunca perdi a mania que sabia programar. Agora resolvi desenhar e programar uma aplicação de gestão de manutenção em Visual Basic 2005 com base de dados em SQL Express, só que tenho umas ideias de como se faz e como sou meio estúpido ando a desenvolver a aplicação e a aprender a programar, a aprender a linguagem. Resultado, estou totalmente lixado da cabeça, está-me a ser difícil concentrar-me porque entretanto estou a estudar como desmontar a máquina fotográfica para limpar o sensor, tenho de escrever umas tretas no meu blogue, tenho de manter três sites de fotografia, ando a fazer uma página na net para a minha mulher (www.artedemid.com , desculpem-me a propaganda) em Dreamweaver coisa nova pois no meu tempo era com uma aplicação simples o Homesite e como sou ainda mais tolo ainda não a acabei e já tenho a versão 2 meio feita, tenho de refazer a minha página de fotografia na netcabo mas esses desgraçados só me deixam fazer FTP através da ligação Netcabo por isso só quando chegar a casa (para a semana), vou tirando fotografias e tratá-las com uma coisa chamada de Lightroom que ainda não conheço totalmente, tenho dois livros de Visual Basic de 500 e 1000 páginas para ler e em casa A filha do Capitão do Rodrigues dos Santos (ganda escritor) e uma coisa que me chamou a atenção, um livro sobre As Mulheres Navegantes no tempo de Vasco da Gama que estou cheio de curiosidade de ler. E depois ainda tenho o meu trabalho, este mês já fiz cerca de 75 manobras, tarefas diárias de manutenção, tratar de toda a instalação e também, ás vezes, ler os manuais para saber como estas tretas funcionam, desenhar forms para a gestão corrente do navio, coisas como controle de horas de funcionamento e consumos, essas coisas que os donos dos navio gostam mas que também não ligam nenhuma.
AHHHhhh!!!! And trés important, falar para casa para dar apoio á pessoa escolhida para me aturar.
E com isto tudo ainda dou um saltinho á net para ver as notícias e ando a olhar agora de esguelha para as questões financeiras e jogo na bolsa, as minhas previsões têm saído certas, é pena é não ser um Berardo pois não tenho dinheiro para investir, assim é melhor…
Ás vezes estou tão cansado, tão cansado que só me apetece deitar-me e adormecer mergulhando no oceano escuro e tumultuoso que são os meus sonhos… mas isso é outra história.
……………………………………
E este escrito todo é só para mostrar uma fotografia espectacular de uma gaivota, tirada por mim. Não tenho vergonha nem modéstia nenhuma, adoro esta fotografia…..
Boa noite a todos, vou ouvir Boccelli, Com te partiro…..


Publicado no SOL em Wednesday, August 22, 2007 7:30 AM

Modos de ver....

Acordei muito cedo ... deitei-me tarde e quase não dormi logo a disposição talvez não seja das melhores. Enquanto espero que alguém faça alguma coisa pela vida resolvo dar uma espreita ao site aonde ponho as minhas fotografias. Gosto sempre de as meter em concurso pois sempre se aprende alguma coisa com as críticas mas... e aí vem o mas, a maior parte das vezes a crítica parece ser pequena e mesquinha.

A fotografia é uma forma de arte ou uma técnica? Definitivamente as duas coisas e também uma forma de preservar as memórias, uma forma de ilustrar a vida e etc, etc. Como forma de arte é então o modo como o fotógrafo vê a coisa e muitas vezes é o documento possível. Estava-me a lembrar da fotografia de capa do livro de Robert Capa, uma foto toda tremida, desfocada  que se fosse a concurso nesse tal site em que coloco as minhas fotos ela seria totalmente desancada por estar uma m****, talvez não, se os votantes vissem o nome Capa na foto punham-se logo de joelhos e dariam vinte. Acontece que a foto de Capa merece vinte não por ter sido de quem é mas porque espelha um momento único, o desembarque dos aliados nas praias da Normandia. O grande mérito de Capa foi estar lá, pessoalmente já vi fotos de acção tecnicamente muito melhores que aquela, mas não são do desembarque na Normandia.
Outro exemplo que reforça o que tento dizer, o leitor já me deve estar a odiar, foi uma fotografia totalmente desfocada, mal enquadrada e com uma data de defeitos mas era uma foto terrível, representava uma jovem mulher afegã que se auto imolou pelo fogo afim de evitar o castigo que o marido lhe iria dar por ter partido a televisão. Essa fotografia foi premiada, se não me engano pelo World Press Photo o que mostra que o júri soube olhar para a fotografia, foi um shot do momento, sem preparação e talvez com risco para o próprio fotógrafo, foi uma fotografia de momento e não julgo que quem presencie uma coisa dessas vá pensar: "Vou tirar uma m**** de uma foto (tecnicamente) para dar mais ênfase á situação...", é que se pensar muito o momento passa, o fotógrafo apenas tira o retrato, ele está lá.

O que eu vejo nas fotos dos júris que julgam as fotos dos outros? Vejo fotografias de estúdio, imagens congeladas de alguém que é conhecedor de truques de fotografia para fazer uns postalitos interessantes, sim digo postalitos interessantes porque se pegar nelas todas acabam por ser só meia dúzia, são todas iguais, muito semelhantes, falta-lhes alma mas também reconheço que têm um bonito efeito decorativo.

Eu sei que não sou nenhum Picasso das fotos mas se quero fazer uma foto escura porque não? Picasso pintou gajos e gajas de azul e isso é um bocado irrealista mas como era o Picasso já o pessoal fica todo de gatas a adorar, Picasso se fosse julgado por um renascentista estava lixado, não seria aceite por nenhum atelier. Picasso é o que é hoje (porque era um pintor excepcional) porque houve pessoas que reconheceram o seu trabalho, a maioria "come" qualquer m**** que o Picasso tenha feito (sim, também ele fez coisas menos boas) só porque foi feito por Picasso. Existe uma casa de banho pública em Paris que hoje é considerada casa museu de Picasso, foi lá descoberto um desenho na parede feito por este talentoso artista no meio de uma dores de barriga ... caricato não é??? (para os mais distraídos esta história foi inventada por mim agora).

E porquê esta verborreia toda? Apenas para dizer que sou um grande fotógrafo incompreendido e que gostaria de ver esses caramelos tirar as fotos que tiro, a bordo de um navio, com uma vibração do caraças que nem me deixa usar o tripé para as longas exposições, o estar no exterior ver um peixe aos saltos ir a correr buscar a máquina, tirar a foto e ir a correr guardar a máquina pois ela é-me muito cara e é muito cara o que faz que não a possa levar para a casa da máquina. Quando passo junto a Istambul, no canal e normalmente de madrugada ou fim do dia como poderei tirar um bom postal das famosas mesquitas se normalmente o sol nunca está em condições.

  
Como se pode ver, esta foto foi tirada ao nascer do dia, ainda se pode ver a neblina matinal e como estava longe como o raio ela foi tirada com uma lente zoom de 300mm. Foi a foto possível, e também sinceramente não gosto muito dela, não ficou um bom postal e ... é uma foto de turista.


Esta é o exemplo de uma foto de que é muito criticada, foi tirada á saída de Novorossiysk durante o Inverno, a temperatura externa estava uns tantos negativos e para ter uma posição sem grandes obstáculos fui-me colocar na ponte alta (para os leigos ponte alta é um espaço por cima da ponte, estilo terraço) agarrado a um poste para não voar com o vento, completamente gelado e sempre com medo de levar com água no focinho, a altura da espuma chegava a ser superior á posição em que me encontrava, a minha máquina (querida e maravilhosa máquina) não é submersível.
Olham para ela e dizem:"Pouco nítida, confusa...!!!". Confusos são eles que ....


Gosto de fotografar bichos e fazer macros. Quando vi esta borboleta decidi logo fotografá-la só que como podem reparar o fundo vermelho não ajuda nada só que o bicho estava ali, no convés do navio e eu não quis (e também não tinha) ir á procura de um estúdio portátil para fotografar esta desgraçada e também se a pegasse ía danifica-la o que não é muito bonito, fotografei-a como a vi e encontrei. Uma borboleta em cima do convés do meu navio, facto bastante comum.

São modos de ver as coisas, pode-se não gostar da foto mas não mandem postas de pescada porque ás vezes é sinal de uma pobreza de espírito muito grande.


Publicado no Sol em Tuesday, August 21, 2007 8:08 PM

Ainda não sei que título vou pôr...

Estou a navegar, estou a escrever ao correr do rato, pois, eu sou muito moderno, não escrevo ao correr da pena, isso já não se usa, é escrever ao correr do rato, eu uso a últimas técnicas informáticas para escrever, ainda não pirateei o Office 2007, uma falha minha.

Pois, continuando, estou a navegar só que agora ando na cabotagem mas, não se assustem, cabotagem não tem nada a haver com sacanagem nem ser cabotino, ando a navegar na costa. Faço fantásticas viagens de Sines para Lisboa e vice versa, ás vezes versa vice, piada bem podre...

E estou sozinho no navio, tenho mais colegas, ou camaradas se preferirem, mas na minha secção sou salazarista, orgulhosamente só. O que faz que os meus horários sejam um bocado marados mas também já não estranho, já passei por tanto nesta vida que não é uma horariozito merdoso que me vai afligir. Hoje, por exemplo, acordei com aquela sensação que faltava qualquer coisa, era apenas impressão, tinha-me deitado por volta das duas da manhã depois de uma situação de alarme e já eram seis e o meu instinto já me estava a despertar. Só estávamos a chegar a Lisboa, tinha que ir preparar a instalação para a chegada, coisa simples mas que é conveniente termos que acordar para a fazer.

Já estava na ponte, completamente bêbado de sono a dar trela aos pilotos, ah!!! é preciso dizer, não sei se já tinham reparado que eu sou um gajo das máquinas, quando pelo canto do olho vejo uma coisa a espreitar, primeiro timidamente, depois com toda a intensidade que um Sol pode ter, juro que não estou a dar graxa aos directores de O Sol, é apenas coincidência literária. Como ía dizendo o sol estava a começar a espreitar e eu ainda bêbado por uma noite mal dormida estava embevecido a olhar para ele quando me lembrei que tinha uma máquina caríssima e não estava a fazer de paparazzi a chatear o Sol. Larguei tudo que não era nada e fui a correr ao camarote apanhar a tal caríssima máquina para fotografar esse momento. Quando cheguei, meio minuto depois, sim que o navio é realmente pequeno, descobri que aquele snap de momento já tinha passado, fiquei tristíssimo pois apesar de haver mais dias este já estava perdido. mas como não sou de baixar os braços peguei na minha muito cara máquina (cara no sentido de querida) e fotografei o Sol ...



Pousei a máquina e uma lágrima escorreu cara abaixo, tive que a limpar apressadamente pois chorar num navio não é de homem, a beleza da imagem seduziu-me....
e depois acabou a magia, estávamos a chegar, o piloto entrou, atracámos e eu fui dar a minha volta, cumprimentar as cretinas das baterias pois era o dia delas...

Passaram umas horas e estou de regresso ao mar, durante o pôr-do-sol, mas não me apeteceu atraiçoar aquele momento, fiquei no camarote a escrever baboseiras no meu blog.
Ahhh!!! vamos chegar a Sines por volta da meia noite acho eu, vou ter que ficar acordado pois se me for deitar fico impróprio para consumo....
não me apetece escrever mais .... e o navio começou a balançar.

Publicado no SOL em Saturday, August 04, 2007 10:55 PM

Mudei...

Mudei...
Pois é... mudei de companhia e de estilo. Já não estou nos petroleiros, bem..., pelo menos não estou nos grandes. Agora navego num navio pequeno e só faço a costa portuguesa. É mais calmo e estou sempre contactável pelo telemovel, o que só acentua a sensação de solidão.
Continuo marinheiro.... num país que se diz de marinheiros...

Publicado no Sol em Monday, July 02, 2007 8:15 PM

Cheguei....

           
Pois... estive fora 5 (cinco) meses. estive fechado num petroleiro durante este tempo todo, Fui desde o Mar Negro ao Canadá passando por Angola e.... não vi nada, apenas motores e máquinas. É esta a minha vida. Tirei algumas fotos e tive a alegria de que quando cheguei estava tudo na mesma, o país é claro... em minha casa apenas os gato estavam mais crescidinhos.

Acabou-se ou calou-se a telenovela Carlos Cruz, a fábula Carolina Salgado continua com novos desenvolvimentos e ... descobri que não se pode ir á revista.

Vou esclarecer. Embora eu não seja frequentador de teatro revista, nem tenho a sua cultura, o eterno problema de ter nascido e vivido em Moçambique, sei que a revista era utilizado no tempo da outra senhora para fazer chacota do governo ou do estado das coisas. Bem, agora se contarmos uma anedota não autorizada somos despedidos, o que acontecerá se formos á revista aonde, acho eu, se faz (será que??) alguma chacota do estado da coisa? Vamos para o campo de concentração para reeducação? Do mal o menos não é? agora contar anedotas só aos amigos de maior confiança e mesmo assim pode haver algum infiltrado, todo o cuidado é pouco.

Quando cheguei fiquei também surpreendido coma crise de Lisboa, o meu queixo caiu. Inacreditável, como pode isto ter acontecido neste país de em que todos são muito sérios (não gostam de anedotas) pelo menos é o que parecem quando falam na televisão.

Mas estou contente por estar outra vez entre os meus... é sempre uma alegria chegar depois de 5 meses fechado num navio calcorreando este mar sem fim. Em casa ao menos posso beber um copo ao fim do dia.


Publicado  no Sol em Friday, December 15, 2006 11:22 PM

TUDO UMA QUESTÃO DE SEGURANÇA

Extracto de uma carta escrita em 2003. Estava furioso com a situação....


Nos USA agora recebemos as autoridades no exterior, vêm de helicóptero, por causa do tal de Security, então fazem inspecções ao navio para saber se estamos com um bom nível de “Security” e enquanto não estivermos não entramos, diz lá se não são uns filhos da p*** em grande escala. Eles impuseram ao mundo esta treta do security. Para saberes o que é o security e a estupidez desta merda dou-te um exemplo. A sala da ventilação e ar condicionado do navio é considerado zona sensível (todo o navio é zona sensível excepto os camarotes dos marinheiros) por isso tem de estar fechado à chave, estando esta à guarda do chefe de máquinas. Sempre que lá vou tenho de pedir ao chefe de máquinas a chave para poder entrar, em porto além da chave ainda tem um selo. Vai significar que o pessoal vai deixar de lá ir, quando se lembra não tem a chave e manda tudo à merda. O outro exemplo é para mim o mais criminoso. A casa da máquina está trancada à chave, só se entra por um sítio, o elevador, o que significa que se houver uma emergência ficamos lá todos, porque as saídas de emergência, que fazem parte do plano de segurança (safety) estão trancadas por causa do plano de segurança (security). Ainda vai o chegar o dia que vamos ter o pessoal da Securitas aqui a controlar os marinheiros.
- “Oiça lá! Oh monhé de uma figa!!! (para um filipino) Aonde pensa que vai?” …. “Não vai não senhor, o comandante tem de passar uma autorização de entrada, isso é uma área segura!!!”…”Oh seu filipe (nome que os portugas dão aos filipinos) de merda, essa área segura é da responsabilidade da máquina, falta o carimbo do chefe….”
Como sabes, as qualidades dos Securitas nestes postos remotos tem de ser tipo ex-combantente pois podem aparecer uns monhés da Al-Quaeda e fazer explodir o navio e por isso não são escolhidos pelas boas maneiras.


Um navio, queres ver como ataco um navio? Apenas escolher uns malucos com cédulas (as escolas inglesas fartam-se de dar cursos a árabes) e juntar três ou quatro num petroleiro que vá para os USA, à chegada dominam a tripulação (fácil, envenenam a comida e tomam a ponte para não haver comunicações, aliás um deles será piloto e estará na ponte. Com o navio dominado, outro será de máquinas para manter a máquina a trabalhar, só falta atirar com o navio para a costa americana e encravá-lo na entrada de um rio, daqueles no Golfo do México que têm muitas refinarias, o navio afunda, explode, espalha milhares de toneladas de crude a arder. Resultado, uma data de refinarias a parar por falta de ramas, toda aquela área afectada, o rio fica fechado durante meses até que consigam tirar a carcaça do navio toda partida. Crise nos USA, refinaria parada nos USA implica uma data de gajos no desemprego, poucas vendas, pessoal não tem dinheiro, todo o comércio local fica afectado. Para um petroleiro lançado a toda a velocidade contra a costa. Bem talvez que depois de detectada alguma anomalia as autoridades façam um ataque com os Seal, entram de assalto no navio, matam toda a gente por segurança e depois dizem que foram os terroristas e depois explodem com as máquinas porque entretanto os terroristas encravaram os sistemas para não parar, o navio fica sem governo e continua a sua viagem (os terroristas não são parvos, uma vez no rumo, trancam o leme) e isto tem um andamento do caraças e lá vão os Seal montados numa bomba de crude prestes a espetar-se costa adentro. É claro que os terroristas já improvisaram uns dispositivos explosivo para rebentar com os tanques, é tão fácil, se esta merda explode uma data de vezes sem nós querermos, imagina como será quando quisermos.
Se eu imagino esta cena podes ter a certeza que algum tarado dos serviços de segurança dos USA também já pensou. Imagina que lhe deram crédito e os gajos entram em histeria (típico dos americanos). “Hey Boss, that ship didn’t answer!!”… “fuck!!! Waste them!!  Send the SEALS! Fast!!”. E lá vão os Seal atacar um navio grego com avaria no rádio e cujo electricista romeno (já não há radiotécnicos a bordo) tenta desesperadamente ler as instruções do rádio em norueguês para tentar repará-lo. Enquanto isso o comandante de nacionalidade russa dá uma descasca ao piloto indiano por ter ligado o rádio e tê-lo avariado. No meio dessa confusão toda, aparece um helicóptero dos Seal que metralha a ponte abatendo toda a gente. O atirador Seal tinha visto o comandante russo a pegar nuns binóculos e, mais tarde, em declarações aos seus superiores, jurou que o comandante era um terrorista árabe que tinha pegado num RPG e tencionava abater o helicóptero, o homem foi condecorado mais tarde por bravura e recebeu o Coração de Púrpura (condecoração americana para os heróis que recebem ferimentos em combate) porque queimou as mãos no cano da metralhadora que tinha aquecido de tanto disparar. O segundo helicóptero aterrou no convés desembarcando uma unidade de Seals que avançaram com uma barragem de lança granadas. Essa unidade Seal sucumbiu toda devido à explosão de um tanque. Mais tarde foi afirmado que viram um homem-bomba palestiniano a explodir com o tanque. Os helicópteros pediram ajuda (americano a gritar histérico no rádio por backup) tendo uma esquadrilha de A-10 respondido ao apelo e disparado várias rajadas do seu canhão anti-tanque (se dá para tanques também dá para navios tanques, noção americana de multi purpose) destruindo todo o casario e provocando várias explosões. Uma dessas explosões fez avariar um dos helicópteros que caiu no mar afundando-se e arrastando toda a sua tripulação e unidade Seal com ele. Desesperadas, as autoridades americanas deram ordens ao seu submarino de guarda à região para afundar o navio utilizando torpedos. O navio seguia desgovernado pois toda a tripulação tinha entretanto sucumbido ás explosões e ataque das autoridades quando apanhou com um torpedo a meia-nau e afundou-se partindo-se ao meio. O segundo torpedo entretanto lançado, desgovernou-se com a onda de choque e foi embater numa plataforma de petróleo provocando um derrame maior que o provocado pelo navio seguido de um estrondoso incêndio. Mais tarde foi afirmado que os terroristas que tinham tomado o navio tinham feito sair uma lancha rápida e atacado de forma suicida a plataforma de petróleo. Mais tarde foi mostrado na televisão o presidente Bush com ar pesaroso a prestar as ultimas homenagens aos bravos soldados caídos nesta ultima refrega contra o Mal. A nação americana encheu-se de luto e proibiu a entrada de petroleiros em águas americanas. Agora todo o petróleo para os USA é descarregado no Canadá e no México seguindo de pipeline para os USA. O Canadá dando provas de uma politica verde fez um documento que obriga as tripulações dos navios a selarem todas as linhas e anzóis existentes de modo a que as tripulações não pesquem bacalhaus. A tripulação portuguesa de um navio de uma companhia americana foi toda detida durante 3 dias por estar a comer bacalhau com batatas. Só depois de 3 dias de interrogatórios e de ter mostrado a factura da aquisição do bacalhau em Espanha é que foram libertados, mas foram todos expulsos do país. A companhia foi depois multada por ter deixado o navio sem os mínimos de tripulação.
E assim vamos vivendo a Security.


Publicado no SOL em Tuesday, December 12, 2006 4:06 AM

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

NOTAS SOBRE O JAPÃO II

PARTE 2

Estou neste momento a ver televisão e tenho reparado nos anúncios com elementos femininos. Como se sabe em anúncios põem-se sempre o ideal feminino das gentes locais. Eu posso dizer que aqui os exemplares de ideal de beleza feminina atinge valores bastante elevados, acabei de ver um anúncio com uma jovem esposa em vestido de noiva ocidental que estava linda, sem palavras para descrever, era simplesmente linda, maravilhosa. Esta parte é para contrariar a opinião da ciumenta da minha mulher que me afirmou que a mulher japonesa era feia. Nas novelas as pequenas também são bastante bonitas mas topa-se a panca deles pelas teem-agers com saia plissada. Aliás também acabou de dar outro anúncio em que o jovem garboso acabou de tomar uma pastilha para o hálito fresco e á medida que passava as tais “piquenas” colegiais ficavam malucas e iam atrás dele. Afinal não sou só eu que sou tarado.

Outra prova difícil é receber formação de um japonês. Normalmente aquele que nos dá formação é aquele que é mais versado na língua inglesa e digamos que o ser mais versado não quer dizer que seja fluente. A formação acaba por ser do seguinte modo:
- The aaaaaaa engine aaaa stops, because aaaaaa the valve aaaaaa #$%%&&& (algarviada japonesa) aaaaaa cracked aaaaa….
E nós fazemos um esforço enorme para juntar as palavras todas para tentar perceber a ideia base. É preciso notar que a pronuncia é sempre muito má e com a tendência já referida anteriormente de por vogais no fim das palavras.
Na Taiko aonde tivemos formação sobre o separador de esgoto o formador tinha uma pronúncia americana e era o que de todos os que conhecemos falava melhor inglês. Depois de o termos cumprimentado e felicitado pelo seu inglês ele disse-nos que tinha estudado 7 anos na Califórnia. Ficámos banzados pois o inglês dele para quem tinha estado 7 anos nos USA até que era fraquinho. O homem acabou por se referir ao nosso inglês que era muito bom, nós dissemos-lhe que a língua oficial a bordo era o inglês e que para nós era uma coisa natural, ele estava admirado com uma concentração tão grande de estrangeiros (não ingleses) com tanta fluência.
Mas eles têm uma coisa que os desfavorece que é o stress. Nota-se muito que eles trabalham muito sob pressão, pressão de atingir os objectivo e de não falhar. Lembro-me de na United Diesel (fabricante da máquina principal) um jovem engenheiro começou a explicar a parte dele e começou com um certo desembaraço, a meio atrapalhou-se numa informação começou a gagueja e deixo de se entender, perdeu o inglês todo. No fim o colega mais velho (e superior acho eu) pediu desculpa no meio de um riso típico deles e prometeu que para a próxima o jovem engenheiro iria estudar melhor a lição. O puto estava com ar abatido e nervosíssimo embora a cara estivesse impassível, nota-se nas mãos e no começar a suar. Nós todos muito polidos agradecemos a lição dada e que tínhamos entendido sem problemas (salvar a face). Aposto que depois o gajo deve ter levado uma piçada do caraças. Só que, adivinho eu, as piçadas devem ser dadas de uma de uma forma serena e fria. Eles aqui não despedem ninguém apenas convidam o trabalhador a afastar-se, questões de honra. Quando perguntámos o salário médio de um trabalhador ao tal formador fluente em inglês ele utilizou esta expressão: “Um trabalhador da minha idade ganha cerca de 3500 USD”, é que aqui os níveis salariais estão indexados á idade (dentro do mesmo nível), quanto mais velho mais recebe pois tem mais experiência e se está nesse nível tem as mesmas capacidades que os outros mas distingue-se pela experiência. Fiquei com a impressão que eles começam numa empresa e reformam-se nela, é um emprego para a vida.

A alimentação, já falei sobre ela, sobre as minhas experiências gastronómicas mas há algo mais a dizer. Quando por volta das 18:00 vou ao Jusco (Pingo Doce cá do sítio) comprar sushi ou outra coisa qualquer reparo que a secção de comida pronta está quase toda depenada. O supermercado tem uma zona de comida pronta muito grande que vende desde uma variedade muito grande de sushi assim como fritos e panados, pequenas espetadas e uma data de coisas, tudo acabado de cozinhar. Isso leva uma razia do caraças e ás 18:30 já quase está tudo rapado. É que os japoneses saem do trabalho, compram a sua refeição ou para levar para casa para a família ou então para a comerem no comboio, sim no comboio, quando as viagens são grandes e são comboios em que o passageiro vai sentado eles jantam a bordo e as cadeiras são como a dos aviões, com aquela mesa rebatível. Até se vende uma caixa com a refeição completa, arroz incluído. E também não atiram nada para o chão, no fim apanham tudo e levam com eles para deitar no próximo caixote do lixo. Vão para casa muito cedo e deitam-se cedo, a vida aqui acaba muito cedo.


Nota: Publicado no SOL a 3 de Dezembro de 2006

NOTAS SOBRE O JAPÃO I

PARTE 1

Já devia ter começado este texto há um certo tempo mas a preguiça e a falta de tempo também se impuseram.

Cheguei ao Japão com conhecimentos adquiridos com a leitura do livro Shogum de James Clavell que muito me entusiasmou, alguma literatura sobre o Japão durante a guerra, a parte bélica, e alguns filmes japoneses, de Kurosawa se não me engano. Ah! e alguma pornografia de origem japonesa que me mostrou que eles têm uma panca especial pelas teen-agers vestidas de colegiais. Antes de empreender esta viagem fiz um raid a um restaurante japonês, no Cascais Villa, aonde provei alguns arremedos de cozinha japonesa, acompanhado de sakê quente.

Cheguei ao Japão com uma gripe incrível que realmente não me deu muita vontade de grandes aventuras, apenas estava interessado em me aguentar de modo a não ser repatriado. Mas depressa comecei a perceber que os japoneses não percebem patavina de inglês, a comunicação com eles passou de difícil a impossível, começou a ser desesperante.

Então começou a minha viagem para o hotel, do aeroporto de Nagoya para Tsu, duas a três horas de carro, se contarmos que tínhamos passado 12 horas no avião vindos de Frankfurt e a somar ás duas horas de Lisboa a Frankfurt pode-se dizer que não estávamos muito entusiasmados.

No hotel serviram-me a primeira refeição que eu tomei como japonesa, afinal era western style, grande desilusão. Apenas uma desilusão filosófica pois era uma visão nipónica de uma refeição ocidental. Depois foi o pequeno-almoço, mais uma vez western style, dois ovos estrelados com 1 salsicha (pequena), e para minha grande delícia uma tacinha com uma coisa branca em que tinham posto outra coisa mas de cor vermelha por cima e tudo encimado por uma folhinha de salsa muito verde, estava lindo. E eu muito bimbo (para o estilo japonês) perguntei o que era aquilo e como se comia. O empregado arregalou os olhos para mim (este percebia um mínimo de inglês) e disse-me que aquilo era simplesmente iogurte com compota de morango. Afinal o meu pequeno-almoço era do tipo western style. Com o tempo aprendi a pedir exclusivamente comida japonesa o que causava algum espanto nas hostes nipónicas pois perguntavam logo se eu comia “law fish” (leia-se raw fish, peixe cru). Ultrapassado o espanto inicial passaram a servir-me refeições japonesas, achando-me uma certa piada (acho eu) especialmente com a minha manipulação dos pauzinhos.

A ida para o estaleiro não me dava muito tempo para passear, quando voltava estava frio como o caraças e já estava escuro. Além disso a minha zona não é uma zona muito cosmopolita nem uma zona de turismo, é uma zona habitacional junto ao estaleiro.

Comecei a ir a umas lojas, especialmente de fotografia para ver uma lentes e para os meus colegas comprarem umas máquinas fotográfica. Aí começaram outros problemas, as instruções e manuais estavam apenas em japonês, a corrente aqui é de 110 volts e as tomadas são do tipo flat., explicar as coisas ao pessoal das lojas tornou-se um desporto radical mas no fim tomei a melhor atitude que se pode tomar, sorrir e falar para eles pois é exactamente isso que eles fazem, pedimos uma informação em inglês e então o japonês muito solícito dá-nos uma explicação muito extensa sobre o quê não sabemos pois é toda em japonês, e tudo acompanhado de muitas vénias e alguns risos. Ao princípio era exasperante agora é apenas assim e não há nada a fazer. O engraçado é lidar com as japonesas, parece que nos amam com tanto sorriso e vénias mas não passa disso.

E por falar em japonesas…. Apenas posso dizer que elas não são como as mulheres latinas, essas têm salero, ancas e pernas, são fêmeas. A mulher japonesa, tem uma beleza própria, uma delicadeza tipicamente japonesa, muito mais que a oriental em geral, não tem rabo e como pernas tem umas canetas. São feias?? Não… têm uma delicadeza própria, uma graça muito delas, fico encantado a vê-las falar. Para um ocidental meio tarado (como eu) ouvi-las a conversar é uma delícia pois enquanto uma fala as outras vão dizendo “hai”, como nós dizemos o “pois”, só que elas o dizem com voz feminina e doce “hai” que dá uma vontade muito grande de…. (intraduzível…).

E como elas andam? Não vou dizer que é um andar bonito (nem todas) mas, talvez por ser novidade, ache muita piada, andam metendo os pés para dentro e dando passinhos curtos arrastando os pés e com uma posição corporal, os joelhos um bocado flectidos, que ficam um bocado com o rabo espetado, deve ser para realçar o pouco rabo que têm. Mas tenho visto algumas mulheres muito bonitas, bonitas em qualquer parte do mundo.

Vou agora contar um pequeno episódio que se passou comigo. Descobri os yukatas, uma espécie de robe que os japoneses utilizam, o hotel disponibiliza um para os hóspedes, que é utilizado como roupa informal. Depois de alguma busca na Internet fiquei com a impressão que a expressão yukata é para os tais robes assim como para uma espécie de kimono mais barato. Fui a uma loja de roupa tradicional japonesa e informaram-me que um yukata custava cerca de 20.000 ienes, por outro lado que havia lojas de roupa em 2ª mão que talvez pudesse encontrar uma mais barato, talvez por cerca de 10.000 ienes. Fui á procura dessa loja de roupa em 2ª mão e assim que vi uma loja de roupa na área indicada entrei e perguntei á rapariga se sabia inglês, a resposta foi a esperada, népia de inglês. Fiz a minha melhor pronúncia japonesa e perguntei por yukatááhh. A pequena olhou para mim e perguntou por uma data de pormenores técnicos sobre os yukatas (presumo que seja isso por percebi que ela disse várias vezes a palavra yukata) até que eu cortei-lhe a palavra e disse “no compriendo” e isso com o meu melhor sorriso. A rapariga corou e recomeçou a tagarelar em japonês e de repente parou e disse “soly nou”. Aí percebi que a loja não tinha o que eu queria. Então num rasgo de espírito de aventura mostrei-lhe o mapa que a recepção do hotel me tinha dado com a tal loja. Mostrei á rapariga e aí eu já estava com um sorriso um tanto divertido porque a situação até que era engraçada, ela não era muito bonita mas a sua simpatia e vontade de ajudar dava-lhe aquela beleza que os (eu) homens gostam. E depois de muitas palavras gastas ele disse “sekando suturito” (eles acentuam sempre a ultima sílaba) e para eu perceber melhor escreveu no mapa (é por isso que eu sei o que ela disse). Agradeci-lhe com uma grande vénia, harigato, harigato e fui-me embora com ela ás vénias atrás de mim até á porta. Voltei ao hotel e fui falar com o recepcionista o que também é uma aventura e lá lhe expliquei que não tinha encontrado a casa e mostrei-lhe o mapa e o nome que a rapariga tinha escrito, eu pensava que era o nome da loja. O recepcionista teve uma exclamação e disse sekando suturito, sekando suturito e começas a marcar no mapa a 2ª rua, fiquei a saber que sekando suturito é como os japoneses dizem “second street” em inglês, minha cara caiu. Ainda agora me rio deste episódio. Pedi sakê e disse “hot”, a empregada não percebeu mas de repente fez-se luz e perguntou-me “hoto?” ao que eu disse que sim. Eles põem uma vogal no fim de todas as palavras e falam o inglês assim, o pouco inglês que falam falam-no assim:

Hot = hoto
Bread = brêda
Rice = rice (termina em vogal)
Second = sekando
Street = suturit (não só termina em consoante como não têm ditongos st)
Pump = pumpo
Etc etc etc

Comida japonesa? Acho-a deliciosa, gosto mesmo muito. Agora só como japonês. De vez em quando vou ao supermercado e compro umas embalagens de sushi e devoro-a acompanhado de sakê, e quanto mais peixe cru tiver, melhor. Mas também tenho tido algumas surpresas não tão agradáveis. Noutro dia estava no prato uns cubos de uma coisa acastanhada e com aspecto de gelatinoso. Meti aquilo na boca e a consistência pareceu-me um pedaço de gordura gelatinosa, talvez de baleia ou outra coisa semelhante, engoli em seco e comi aquilo tudo, no Japão não se desperdiça comida. Mais tarde soube que é uma raiz e que também que se não gostamos muito mergulha-se no molho de soja e tudo passa. Eu já como essa coisa que não sei o nome com um certo agrado, aprende-se a gostar. Lembrei-me agora e fez-me rir o que se passou num dos primeiros dias de comida japonesa, vi num dos pratinhos uma coisa meio esverdeada, do tamanho de uma noz e que até tinha aspecto saboroso. Pus tudo de uma vez na boca e ia caindo para o lado, é uma coisa chamada de “wasabi” que eles usam para acompanhar algumas coisas de sabor mais duvidoso (a sorrir). E é forte como o caraças, é muitas vezes mais forte que a mostarda de Dijon, basta um bocadinho para ficarmos aflitos do nariz e nuca, e eu comi tudo de uma vez. Hoje já sei comer wasabi e gosto bastante. Por exemplo, noutro dia fomos a um restaurante em Takuyama aonde tivemos uma acção de formação e enquanto todos vão aos pratos western style eu atirei-me ao japonês. Comecei por pegar numa lista e tentava decifrar os pratos quando reparei que no lado direito estava escrito “bottle” á frente de cada item, era a lista dos vinhos, dei uma gargalhada e então peguei na lista propriamente dita, felizmente era a versão inglesa. Escolhi três pratinhos de peixe e dessa vez pedi uma cerveja (o Japão é grande produtor e bebedor de cerveja). Entre os pratos que escolhi havia um que se chamava de takowasabi que fiquei a saber que era um prato de tako em molho wasabi. Quando veio o tal de takowasabi fiquei também a saber que tako era polvo e que neste caso era polvo cru. Provei primeiro a medo e CMF, não é que gostei?? Comi tudo e não pedi mais porque o jantar ficou-me a 2000 ienes (15 euros).

O que eu não gosto mesmo da comida japonesa são alguns molhos que são doces ou adocicados, hoje comi uma coisa (devia ser vegetal) esponjosa com molho doce, era enjoativo. Apliquei a técnica do molho de soja em pedaços pequenos e aquilo marchou tudo. E quando eu estava (ainda) a comer comida western style e me aparece uma carne guisada cheia de gordura? É que eles não limpam a carne das gorduras, eles não desperdiçam comida e então muito chateado lá fui comendo aquilo, mais uma vez é tudo uma questão de hábito e também de qualidade da comida, a carne, mesmo com gordura, é muito saborosa, não tem aquele sabor a sebo que tem na nossa terra.

Pequeno-almoço japonês??? Normalmente uma carapau aberto e assado que tenho de comer com pauzinhos, um caldo (todas as refeições têm esse caldo), vegetais variados, um bocado de uma omeleta (adocicada), tofu e ás vezes um panado japonês. Muita força de arroz coberto com umas tiras de algas secas e tudo bem regadinho com chá verde. Como tudo e fico bastante bem. O almoço e o jantar são semelhantes apenas têm um pouco mais de quantidade.

E a minha primeira sobremesa??? Fiquei a olhar espantado. Um quarto de morango, meio gomo de laranja e uma fatia de kiwi, um espanto. Mas posso dizer que aqui a fruta é de altíssima qualidade, muito saborosa mas as maças vendem-se á unidade.

Agora vou-me deitar, amanhã tenho o resto da minha formação em motores Sulzer aqui em Aioi, depois escrevo mais pois ainda tenho muitas mais impressões para escrever.

Nota: Post feito no SOL em 1 de Dezembro de 2006

O Gerador

Vou-vos contar um diálogo, não é das minhas histórias merdosas, é pura realidade.

1ª Parte:
-         Já lhe fiz esta pergunta umas vezes!!! Já meteu um gerador ao quadro??
-         Sim, já perguntou umas 3 vezes. Sim já o fiz.
-         E como se pára?
-         Carrega-se no botão de parar, ele (o gerador) tira a carga automaticamente e pára sozinho.
-         Não diga isso tão depressa....
-         Está aí na folha de procedimentos que eu escrevi!
-         Só carregar no botão e ele pára? Parece muito complicado!
-         !!!!!!!!!!
-         Não quero mudar os vossos procedimentos, mas não estou habituado a esta maneira!!
-         Então faça como sabe!
-         Não sei!!! É diferente daquilo que conheço.
-         Mas é só premir um botão que ele faz tudo automaticamente!
-         Hummm!!! Não sei!!!!
..................................................................................
Depois desta conversa hilariante, ainda foi perguntar ao 2º maq. como se fazia e apanhei-o mais tarde a discutir a manobra com o chefe (ou seja, foi-lhe perguntar como era).

2ª Parte:
-         Vamos arrancar com o gerador?
-         Ok!!
-         Carrego neste botão?
-         Sim!!
-         Carrego???
-         Sim, carregue no botão!!!
Hesitação e lá carregou no botão.
-         Agora vamos parar o outro gerador!
-         Tábem!!
-         Qual é o que eu páro?
-         Não sei, você é que decide, não sei o total das horas deles!
-         Mas não tem nenhuma ideia?
-         Não sou eu que tenho o plano!
-         Se calhar é o 3?
-         É o 3! Diz o mecânico.
-         Então vou parar o 3!!!
-         Qual é o botão de parar?
-         É o que diz Stop!
-         Carrego?
-         Sim!!!! Todos em uníssono.
E lá parou o gerador. Mas não ficou à espera de ver se o programa corria todo ou não, para quem não conhece é de uma falta de curiosidade tremenda (ou de uma tremenda irresponsabilidade).

E assim acaba esta bela história. Acreditem que é a pura verdade. Não estou a inventar.


3ª Parte:
A cena passa-se á noite na casa da máquina. Eu estava junto ás bombas a esgotar quando oiço um alarme. Deixo esse problema para o caramelo. Passado um minuto o gajo chama-me. Vou ver o que era. O Gerador 3 tinha arrancado sozinho, vi que não havia nada de especial e disse para ele o parar. Estava com pressa, tinha deixado uma operação de esgoto a meio e isso é perigoso. Vem a seguir o seguinte diálogo:
-         Páro o gerador?
-         Sim, não aconteceu nada. Deve ter sido um falso alarme.
-         E como páro? Carrego neste botão não é?
-         É!!!!!!!
-         Carrego????
-         Sim!
E lá parou o gerador.



Nota: Post feito no SOL a 23 de Novembro de 2006

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O porquê de estar aqui...

Tinha um blogue no semanário SOL há já bastante tempo, esse blogue chamava-se "Jimmy the Sailor" como este que agora estou a iniciar.
Já andava um bocado aborrecido com a porcaria da plataforma que usavam, tecnologia da Microsoft, que só se deixava editar em condições no Internet Explorer, isso irritava-me muito. Hoje fui visitar o meu blogue e descobri que:

AQUELA PORCARIA TODA TINHA DESAPARECIDO.... SEM UM AVISO SEQUER.

Contente com o tratamento comecei a tratar da migração para esta nova plataforma. Sei que perdi os meus "habitués", paciência. Vou depurar os meus posts e reescreve-los aqui.
Vou tirar tudo o que não era de marinha.... este fica dedicado a assuntos náuticos.

Com tempo irei aprimorando o lay-out e espero que volte ao meu sucesso antigo.

Saudo-vos
Jimmy The Sailor

PS: Eu tinha um backup da maior parte das minhas comunicações.