Com  o caso do New Vision, o super petroleiro avariado ao largo de Sines foi  escrito e dito muita coisa. Muito infelizmente mostrando a total  ignorância das pessoas sobre o assunto.
Fiz alguns comentários num semanário sobre o assunto e, então resolvi escrever este post.
A  avaria do New Vision é infelizmente uma avaria típica de navios que  apanham tempestades, aconteceu-me no velho Açor e andei num petroleiro o  Erati acho eu que ainda sofria os males de uma avaria semelhante. A  avaria é muito simples, devido á tempestade o paiol da proa alaga e  danifica os equipamento que lá estão. No caso do New Vision o alagamento  deve ter “queimado” todo o sistema eléctrico dos guinchos e também o  sistema hidráulico tornando inoperativo as manobras de atracação e de  fundear.
Estou  a falar de uma avaria citando as notícias dos jornais, não estive lá  para ver nem ninguém me fez relatórios nem descrições. Mas não devo  estar muito longe da verdade. As causas do alagamento poderão ser  várias, desde o erro humano até á cedência do material.
Entretanto falou-se muito da trasfega do crude de um navio para o outro, que era uma manobra perigosíssima e etc etc.
Sobre  isso eu posso dizer que: Todas as manobras de transferência de um  produto perigoso são cheias de risco, ele, o risco existe sempre. E que  essas manobras são muito comum na vida de um petroleiro, essas manobras  chamam-se de “Lightering”.
Elas  são comuns porque a maioria dos petroleiros a partir de um certo porte  (calado, parte imersa) não consegue entrar em muitos portos,  especialmente nos portos do sul do Estados Unidos. Não nos esqueçamos  que a América consome cerca de 25% do petróleo mundial e o fluxo de  petróleo para aquele país é imenso. Esses mesmos navios quando chegam ás  costas americanas o que fazem são operações de lightering para  petroleiros mais pequenos, esses sim com dimensões suficientes para  entrar nos portos. Estive embarcado quase 8 meses num navio da antiga  Soponata que só fazia essas operações, recebia dos grande e levava lá  para “dentro” o crude.
Eu  sou um homem da máquina e não da ponte por isso a minha descrição não  será tão técnica ou detalhada como eu gostaria pois durante essas  operações eu estava mais entretido metido na casa da máquina do que no  convés ou na ponte. Quando tinha algum tempo tirava algumas fotos.
Os  navios encostam em movimento tendo o navio mãe (o grande que  descarrega) as defensas montadas. As defensas são bóias, flutuadores de  borracha que fazem a separação dos navios, não deixam que eles encostem  um ao outro a fim de evitar avarias. Depois de encostados passam cabos e  amarram-se um ao outro.
Depois de amarrados passam as mangueiras e o pessoal técnico das trasfegas, inspectores etc.
Durante toda a operação somos vigiados por navios de suporte que dão apoio ás operações, são eles por exemplo que levam as defensas de um navio para o outro.
Enquanto recebemos ou descarregamos, consoante as situação em que nos encontramos estamos sempre de atenção, muitas vezes podemos estar a navegar a muito baixa velocidade e perto de nós existem sempre outras operações de lightering, nunca somos os únicos.
Depois de acabada a transferência do crude, desligam-se as mangueira, desamarram-se os navios e inicia-se a manobra de separação.
Nesta foto podemos ver os dois navios já separados e o navio mãe, que é o da esquerda, ficar com as defensas para poder receber outro e acabar de descarregar o produto.
Durante toda a operação somos vigiados por navios de suporte que dão apoio ás operações, são eles por exemplo que levam as defensas de um navio para o outro.
Enquanto recebemos ou descarregamos, consoante as situação em que nos encontramos estamos sempre de atenção, muitas vezes podemos estar a navegar a muito baixa velocidade e perto de nós existem sempre outras operações de lightering, nunca somos os únicos.
Depois de acabada a transferência do crude, desligam-se as mangueira, desamarram-se os navios e inicia-se a manobra de separação.
Nesta foto podemos ver os dois navios já separados e o navio mãe, que é o da esquerda, ficar com as defensas para poder receber outro e acabar de descarregar o produto.
 Como vêm, esta manobra é corriqueira para os homens do petróleo. Tem os seus riscos mas já está muito standartizada.
Mas  atenção, ela tem de ser feita com bom tempo. No caso do New Vision se o  queriam fazer deviam ter aproveitado o bom tempo que se fez até ao fim  do ano. Agora têm mesmo que o atracar em Sines….
PS. Fotos de arquivo em que a técnica e a máquina eram outras.

 
Se tiver fotos dos " Erati , Fogo e Jeci" ou souber onde arranjar, agradecia
ResponderEliminarque me avisasse para o email - 661503@gmail.com
Obrigado
Alberto
Desculpe só responder agora.
EliminarNão tenho fotos desses navios. Só andei na Soponata no fim dela, de 2003 a 2007.
Cumprimentos
Jimmy
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarParece-me reconhecer os dois navios que estao a carregar!
EliminarO primeiro o 'GERES' do qul fui comandante e o segundo o 'BORNES' do qual estive na construcao e fui Imediato durante muitos anos!!!
O último é realmente o Bornes, reconhece-se pelos paus de caraga para as mangueiras. O outro assim de cor não me lembro mas não é o Geres pois nunca embarquei nele.
EliminarNos navios da antiga Soponata só embarquei no Bornes, Erati e Inago (Genmar Conqueror e Genemar Honour).
Cumprimentos
Jimmy
Ok, obrigado pela sua resposta!
EliminarEu comecei na Soponata em 1979 com Praticante e sai em 2000 como Comandante.
O meu ultimo navio foi o Geres.
Presentemente ainda navego e sou Comandante de navios de cruzeiro na Royal Caribbean International.
Neste momento estou embarcado mas penso em casa fotos do Jeci onde andei de 2 Piloto ( isto a pedido do Sr. Alberto Meneses ).