Quando atraquei no cais de espera na Rocha tive a surpresa de ver que tinha á proa o famigerado Sacor II, navio esse que eu tinha tido conhecimento que tinha sido entregue (finalmente) pelos estaleiros de Peniche. Cheio de curiosidade fui fotografá-lo. O que vi confirma o que já se vem sabendo á muito tempo, má construção. O navio em lastro fica com as entradas do impulsionador de proa á mostra, bom para desferrar ou tirar eficiência ao sistema.
Andando á volta do navio pude reparar que ainda estavam várias caixas de ligações abertas e bobines de cabo... então o navio ao fim destes anos todos em Peniche não teve tempo de acabar a passagem de cabos??? As próprias caixas e passagens de cabos no convés que existem por uma questão de segurança anti-explosão estão interrompidas, nas curvas não existem....
O Rescue Boat no deck ocupa a passagem para a popa no lado Estibordo quase não permitindo a passagem de uma pessoa, aliás o motor do Rescue Boat não é SOLAS, basta olhar para o hélice do motor, os inspectores da Sacor Marítima deviam estar distraídos pois quando eu estava no Galp Marine eram uns chatos que raiava a estupidez.
Consegui uma visita ao navio e achei piada como um navio moderno e com volume tem camarotes duplos para a marinhagem, isso já não se usa. Tem um camarote para o armador, estranho num navio de tráfego local, podiam pôr lá um marinheiro para não estarem dois num camarote.
A cozinha tem as máquinas da lavandaria debaixo da bancada.... eu tenho esse sistema em minha casa, nunca vi num navio, acho que irá contra algum regulamento de higiene. O fogão é uma placa de vidro-cerâmica... óptimo para se usar em casa... num navio???? nunca vi e já estou a imaginar o pessoal a esfregar a gordura queimada em cima da placa com esfregona de palha de aço..... sem mais comentário.
O camarote do armador todo despainelado para passagem de cabos.... sem comentários.
Em todos os petroleiros que andei o sistema de controle do lastro está na sala de controlo das bombas para o operador da carga e descarga poder operar o lastro ao mesmo tempo. Neste navio o lastro é operado na casa da máquina, na única consola que existe na casa da máquina... sem comentários....!!!!
A casa da máquina não tem sala de controle.... mas tem uma oficina enorme com torno e tudo... de uma utilidade duvidosa para um navio que é de tráfego local e sem artífice no seu rol, mas não tem sala de controle, aliás não tem nada, só os painéis de controle agregados aos motores.
Os dois motores principais accionam alternadores e um azimutal cada um mas... quando um dos alternadores é ligado ao bow thruster é desligado da propulsão (informação recebida) o que não parece nem muito lógico nem muito seguro....
O motor principal liga ao azimutal por um veio e um sistema planetário, o accionamento da rotação é feito por um sistema hidráulico accionado pelo veio do motor. A ligação veio motor / power pack hidráulico é feito por meio de uma correia. Se ela se partir o motor fica sem governo. A sua substituição é demorada e não tem sistema de back-up.... eu considero o sistema de uma estupidez atroz e extremamente inseguro, nem sei como é que foi aceite e aprovado um sistema destes. Se o motor dedicado á propulsão e governo parte a correia enquanto que o outro motor está dedicado ao bow-thruster então temos desastre com certeza. A correia é fina e não inspira confiança.... Lembro-me de estar no Galp Marine, sermos 8 tripulantes e termos uma cadência de trabalho atroz, não parávamos. No Galp Marine éramos, comandante, imediato, piloto, chefe de máquinas, 3 marinheiros e cozinheiro. No Sacor II serão, mestre, motorista e 4 marinheiros. O Sacor II tem mais tonelagem que o Galp Marine. O Whitstar, navio que substituiu o Galp Marine e que vai ser substituído pelo Sacor II tem comandante, imediato, piloto, chefe de máquinas, 2º maquinista e 3 ou 4 marinheiros. Não sei qual a legislação que permite uma coisa destas, no fundo os três navios são navios de transportes de combustíveis... só se for porque o tal de Sacor II está registado como tráfego local e por isso não necessita de pessoal com tanta certificação.
Ficarei atento a mais desenvolvimentos desta "avis rara". Já é uma questão de teimosia e curiosidade o querer saber como este navio vai operar e acabar.
Resumo: Início da construção em 2006 num estaleiro (não me lembro do nome), continuação da construção na Naval Rocha, posto á venda como sucata e/ou por partes, retoma do projecto e levado para a Lisnave em Setúbal onde foi acabada a construção (ferro), levado para os estaleiros de Peniche para acabamentos em 2010 tendo saído em Março de 2012 tendo ficado na Rocha onde tirei estas fotos e o visitei, estando ainda em acabamento... QUEM PAGA ESTA INCOMPETÊNCIA TODA????? Quem são os responsáveis? QUANTO CUSTOU ESTA OBRA?????
Jimmy The Sailor
Sabe o nome do Comandante do SACOR que vivia em Olhão?
ResponderEliminarBom dia, sabe qual é a capacidade de carga do navio?
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