quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Desabafos....

Estou embarcado num pequeno petroleiro. São viagens curtas mas trabalhosas, estes últimos dias, por exemplo, manobrámos quase de 5 em 5 horas o que para mim, que sou o único na casa da máquina, foi um bocado cansativo.
Mas hoje em dia estar embarcado implica uma data de chatice. A nossa administração, vulgo governo e estado, trabalha para o papel, não percebe nada de marinha mercante nem de navios mas continua a legislar e a regulamentar desalmadamente. Um exemplo, tenho uma necessidade de intervenção ou assistência técnica a bordo, atraco a um sítio qualquer e peço essa tal assistência. O tempo de paragem do navio nesse porto é de umas 6 horas (com sorte). Com atrasos e mais coisa menos coisa a janela para a intervenção é curtíssima. Se essa paragem fosse programado uma semana atrás e sabendo já quais a estadia do navio o problema não se punha. Nós, muitas vezes, só sabemos o destino com umas horas de antecedência. Não existe nada na administração que contemple estes factores. As autorizações e papeladas que se tem de pedir são uma anedota e têm, inviabilizado muitas intervenções deixando ás vezes o navio numa situação incómoda (não se assustem, se fosse perigosa e pusesse em perigo que quer que fosse eu seria o primeiro a parar isto, tenho dois gatos a sustentar).
Falo nisto porque é irritante, andarem em cima de nós com mariquices de pseudo-segurança e depois não substituem as bóias dos canais e das barras que se avariam pondo em perigo a navegação. Veja-se o caso da barra de Setúbal, a bóia verde (como é conhecida) avariou e ainda está por reparar, e se ela faz falta.
Quem entra na barra de Setúbal segue um enfiamento de dois faróis que estão colocados na cidade. Até aqui tudo bem mas as autoridades acharam por bem pôr nos faróis luzes da mesma tonalidade das luzes da cidade, devem ter pedido á câmara da cidade de Setúbal para tomar conta dos faróis e assim ela utiliza as mesmas que utiliza na iluminação publica.
Bem…. Isto foi um desabafo, mas começa-se a ser muito difícil trabalhar em condições em Portugal, assim os nossos portos não conseguem competir com os outros lá de fora. E em marinha, quando uma rota é mudada muito dificilmente volta á original.
Fiquem bem....

Publicado no SOL na quarta-feira, 23 de Abril de 2008 22:35

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